Machado de Assis, o homem e a obra – Os personagens explicam o autor

aí está Nabuco como o definiu o autor de Um Estadista do Império.

Abaixo das figuras consulares, Machado aponta as menores com o traço caricaturesco. Fala de Itaboraí, que nunca ria, ao contrário de S. Vicente, cujo riso contínuo não lhe calhava bem. Olinda, cheio de surdez, quando tinha que responder a alguém, sentava-se-lhe ao pé e escutava atento, "cara de mármore, sem dar um aparte, sem fazer um gesto, sem tomar uma nota". Era lúcido, completo.

Um dia surge o homem imponente, de suíças e bigodes brancos e compridos: Montezuma. Remanescente da Constituinte. Tipo de velhice verde. Era o político cheio de infidelidades. Depois, em contraste com Souza Franco, a figura de Paranhos, alta e forte. Uma das melhores vozes do cenáculo, este. Diante de um desastre político, perdera a popularidade. Mais tarde, com a vitória de seu espírito humanitário, as mesmas ruas por onde passara sozinho e triste, as mesmas ruas se encheram e o glorificaram. Na hora amarga, engrandeceu-se, porém, na tribuna, produzindo a própria defesa. Machado se lembra da oração memorável. Começava assim: "Não a vaidade, sr. Presidente" ... e continuou, intrépida, sessão adentro e dia afora, até se acenderem as luzes no recinto.

Lembra-se também dos medíocres, do Jobim, do Padre Vasconcelos, do risonho Pena, do Ribeiro, este do Rio Grande do Sul, que, como filólogo, tinha junto a si, no tapete, um dicionário de Morais, para consultar durante o curso dos debates. Recorda-se da tenacidade de Manoel Mascarenhas, do entusiasmo combativo de Silveira da Mota. Em seguida, vem a visão do funcionário da Câmara Alta, vestido a caráter, fechando, ao fundo do corredor, a porta do velho templo da monarquia. "Deu volta à chave, envolveu-se na capa, saiu

Machado de Assis, o homem e a obra – Os personagens explicam o autor  - Página 54 - Thumb Visualização
Formato
Texto