O Rio de Janeiro de antanho: impressões de viajantes estrangeiros

dos portugueses. Tratara os enfermos com paternal caridade, dando-lhes à sua custa ovos, doces, vinho e geralmente tudo de que precisavam. Chegara mesmo a oferecer-se para ter em casa os mais doentes, até o regresso da esquadra".

Quem seria este filantropo brasileiro de quem o engenheiro naval chega a dizer não parecia português? Mistério inesclarecível! A saída da esquadra fez-se com preparativos gerais de batalha, de lado a lado.

"A 27 zarpamos, passando entre os fortes com os morrões acesos e os canhões prestes a fazer fogo, prestes a responder aos portugueses, se acaso houvessem querido aborrecer-nos em matéria das salvas do estilo ou pretender fazer-nos esperar as ordens do seu governador para sair barra fora".

Belas demonstrações de cortesia internacional e do respeito pela soberania das águas territoriais, estas então correntes no século XVII entre nações, que desde muito estavam em paz e diziam-se amigas! "Não precisávamos mais deles, explica, lacônica e deliciosamente o diarista, e eles bem o compreenderam. Estavam encantados com a nossa partida, e vimo-los alinhados sobre os parapeitos das fortalezas. Sentiam-se fatigados das alertas contínuas e das guardas, a que os obrigara a nossa presença".

Vaidosamente pretende Froger que o governador do Rio de Janeiro andara tão assustado, que mobilisara todos os homens válidos das redondezas da cidade. "Apenas saímos, acrescenta, fez construir um forte com alguns canhões sobre uma ilhota que domina o fundeadouro e onde outrora, ao se descobrir o Rio de Janeiro, os franceses se estabeleceram", fato, entre parênteses, verídico.

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