O Rio de Janeiro de antanho: impressões de viajantes estrangeiros

não se sentindo ainda bem firmes no seu retiro queriam escapar à dominação dos governadores, sob o pretexto de acautelar os interesses do soberano, de quem se dizem hoje tributários, mas não súditos, a fim de sacudirem o jugo na primeira ocasião".

Estas impressões sobre o espírito de independência dos paulistas do planalto, colhidas pelo autor francês no Rio de Janeiro, entre luso-brasileiros e alguns religiosos seus compatriotas, parecem-nos fortemente indicativas da opinião geral existente nos meios lusitanos sobre a autonomia da gente de São Paulo.

Estão perfeitamente de acordo com o que diziam da população paulista os capitães-generais fluminenses de fins do século XVII, ao informarem d. Pedro II dos motins havidos em São Paulo, a propósito da alteração do valor da moeda, ou ainda por causa da escravização dos índios.

Em maio de 1691 não escrevia Luiz Cesar de Meneses ao monarca "acho que estes moradores vivem quase à lei da natureza e não guardam mais ordens que aquela que convém à sua conveniência?" E em 1697, pouco depois da passagem de Froger pelo Rio de Janeiro, não mandava Pedro de Camargo, o chefe dos amotinados contra as leis monetárias, dizer a Arthur de Sá e Meneses, capitão-general do Rio de Janeiro, "que era escusada a sua ida a São Paulo porque os paulistas sabiam muito se governar?"

Voltemos, porém, ao autor francês, cujo depoimento de alienígena é vigorosa contraprova demonstrativa da feição independente da vida paulistana seiscentista.

A 25 de dezembro de 1695 embarcava a esquadra francesa os seus doentes, cuja convalescença se passara em lugar onde exercia autoridade um bom velho "probo e inteiramente alheio às maquinações interesseiras

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