Viagem à Província de Santa Catarina (1820)

raio de cerca de uma légua ao redor da cidade, os caminhos são largos, e quase todos planos e cobertos de areia. No campo tudo é animado; a todo instante encontram-se lavradores, como nos arredores das cidades europeias, e os aspectos variam a cada momento. Ora, avistam-se, através dos ramos das árvores, as águas do canal e os morros que se elevam ao longe; ora, a cidade, ou a capela do Menino Deus, ou os morros que orlam as margens da baía; aqui, uma chácara serve de perspectiva: mais além, aparece um sítio pitoresco contornado de bananeiras e laranjeiras carregadas de frutos. As plantações são feitas com menos simetria ainda que em outras regiões do Brasil; não se encontram duas laranjeiras nem dois pés de mandioca plantados na mesma linha. Mas, essa desordem, que atesta o desleixo dos lavradores, produz na paisagem efeitos agradáveis, podendo-se comparar a ilha de Santa Catarina a um vasto jardim inglês.

Cada sítio se compõe de uma casa construída de barro e paus cruzados, sendo, porém, coberta de telhas, caiada e bem conservada. Os móveis não são mais communs do que nas pequenas habitações do interior e consistem geralmente em alguns tamboretes, na mesa e uma esteira em que as mulheres trabalham acocoradas e também toda a família faz