Viagem à Província de Santa Catarina (1820)

deu um viva a el-rei, grito que foi repetido por todos os militares e pela assistência. As tropas deram duas descargas de pólvora seca, seguidas de uma salva de artilharia, desfilando pouco depois com muita ordem. Os milicianos, todos lavradores, que se achavam já alguns dias na cidade, gastando o seu dinheiro e não trabalhando, apressaram-se em regressar para suas casas assim que a cerimônia terminou, e, durante a tarde, o canal ficou coalhado de canoas, que o atravessavam velozmente. Fui convidado para o baile oferecido pelo governador, e à noite compareci ao palácio. Encontrei ali os empregados públicos, os principais habitantes da cidade e umas trinta senhoras muito bem trajadas. Já na casa do coronel Antonio José Rodrigues, eu havia admirado a aptidão das senhoras de Santa Catarina para a dança; mais admirado fiquei, porém, quando soube que elas não tiveram professores e que aprenderam a arte coreográfica exercitando-se sozinhas.

Os oficiais da fragata francesa La Bayadère, assistiram, no ano precedente, à mesma festa e disse-me alguém que, julgando eles o Brasil pelo que viram em Santa Catarina, faziam de todo o império o mais lisonjeiro conceito. Se na ilhazinha de Santa Catarina, que só produz farinha de mandioca e azeite de peixe — teriam pensado eles,