Viagem à Província de Santa Catarina (1820)

tratar-se do Firmiano, atirara imprudentemente para o lado de sua casa, indo os grãos de chumbo cair aos seus pés; e tendo ido reclamar aos homens da lancha, um negro lhe respondera insolentemente e, apontando a espingarda na sua direção, ameaçara-o de atirar se acaso proseguisse. Segundo o que me acabava de dizer o queixoso, não podia duvidar que o negro em questão fosse o Manoel. Ninguém se igualava em orgulho a esse homem, e ninguém, aliás, se iguala nesse ponto aos negros libertos. Como a sua cor pode induzir qualquer pessoa a tomai-os por escravos, eles só pensam nos meios de desfazer o engano e recusam-se a fazer diversos serviços que não repugnaria a nenhum branco razoável executá-los.

O tempo amanhecera calmo; mas, só às duas horas da tarde o patrão da lancha se decidiu a partir, dando ordem aos negros que tomassem dos remos.

Além de Nossa Senhora da Lapa o canal continua a ter pouca largura. Os morros que chegam à beira d'água têm os seus cumes coroados de mata virgem, e quando de minha viagem, as suas encostas estavam cobertas de capoeiras, no meio das quais plantações de cana se destacavam pelo seu verde claro e suave. De distância em distância deparavam-se-nos na raiz dos morros, à borda do