para não desmerecer o brilho do apelido. Mas apesar disso, Carlotinha não podia fugir ao fraco feminino e se entrega, como qualquer mulher, submissa e ardente, ao enlevo de sua paixão.
Carvalho Moreira, com os cabelos negros e partidos, a barba espessa e lustrosa, - como o representa uma gravura de Sisson - o talhe magro e esbelto, vestia-se elegante e maneiroso, de sobrecasaca e chapéu alto.
Na pujança dos vinte e cinco anos, aqueles olhos castanhos aveludados saberiam imantar a sua bem-amada e com voz macia seduzir até à conquista.
Recém-formado, começa, pois, o advogado com o ganho dessa boa causa.
O casamento se dá no ano seguinte, em 1840, quando Carlotinha passa a ser a esposa modelo, elemento de triunfo e estímulo constante nas lutas de Carvalho Moreira.
O casal transfere então a residência para o Rio de Janeiro, onde Carvalho Moreira se entrega à sua grande vocação - à carreira de advogado.
Talentoso, com palavra fácil e uma dialética capaz de convencer as pedras, sem se perder nos desmandos da verbiagem, dosando suas afirmativas com o sal da erudição, o doutor Carvalho Moreira sobressai aos poucos no rol numeroso dos advogados militantes na Corte.
Com sua ponta de sarcasmo, a palestra desse bacharel exerce uma força centrípeta a que uma roda de colegas, amigos, clientes e admiradores vai imprimindo larga repercussão.
Sua banca de advogado vai se enchendo de causas. A princípio, ossos duros de roer. Alguns, porém, anúncios sensacionais, de reclame invejável.
Quando estourou em Minas e São Paulo o movimento revolucionário de 1842, quem chefiava a agitação na província