Críticas e apreciações sobre
O Intendente Câmara
de Marcos Carneiro de Mendonça
Destarte eleva-se aos nossos olhos o perfil do grande mineralogista que foi, ao seu parecer, o primeiro que conseguiu entre nós produzir o ferro gusa em alto-forno.
As linhas desse monumento literário são sóbrias e de grande simplicidade como, aliás, convinha ao assunto. A documentação é enorme e exaustiva e pouco ou quase nada restará aos estudiosos que vierem depois. Restará, todavia, liquidar a dúvida entre Eschwege e o Intendente Câmara quanto à indústria do ferro. Aliás, todos os sábios do tempo, Martius, John Mawe, Saint-Hilaire, não poupam encômios ao sábio brasileiro com insuspeito testemunho.
O Brasil devia esse preito ao Intendente Câmara e ei-lo agora realizado com a importante monografia de Marcos Carneiro de Mendonça que com tanto êxito logrou traçar o retrato do Intendente.
Câmara foi membro de várias associações estrangeiras e nacionais e morreu na Bahia em 1835. Não só se ocupara da mineração, mas da pecuária e da agricultura criando fazendas modelares.
O seu prestígio político de que, aliás, pouco caso lhe dera ao espírito, fê-lo presidente da primeira Assembleia Constituinte. Na sua morte, o Visconde de Cairu disse dele: "que no seu posto não havia desmerecido o caráter de sábio".
Atribuíram-lhe um tratado de mineralogia que não existe e provavelmente nunca escreveu. Ele era muito mais homem de ação do que de palavras.
Marcos Carneiro de Mendonça acaba de prestar o relevante serviço de recordar a memória do sábio mineralogista em obra monumental.
João Ribeiro - Registro Literário. Jornal do Brasil - 17 de nov. de 1933.
"...e por falar no Intendente. Sabe que gostei do seu livro? V. tracejou uma obra em que não há literatura, no sentido pedante e pretensioso do termo. Isto é: uma obra cheia de enfeites e de arrebiques de estilo. Mas, como convinha ao assunto, deu-nos um estudo vazado em forma enxuta, clara, concisa, muitíssimo saboroso de se ler. Com isso grande e perfeito conhecimento da matéria versada.
E assim fêz V. um livro em que reabilita a memória de um homem que, pelo agigantado do que executou, carecia realmente ser reabilitada. Bela justiça rendeu a sua pena ao Intendente Câmara! Tirando da sombra a figura singular desse pioneiro do ferro no Brasil, prestou V. valioso serviço à verdade histórica, e a nós brasileiros focalizou V. um personagem que merece a nossa admiração. "