O Brasil e o colonialismo europeu

sucediam-se entre os cobiçosos do mando, não só nos partidos revolucionários mas no seio dos tradicionais da península, que aventureiros intentavam manobrar em proveito próprio. Campeava infrene a pior das demagogias, a de caráter social, a constituir terreno sonhado por peritos de politicagem, indivíduos pertencentes a todos os rótulos, possíveis e imaginários, cujo apetite corre parelho com a falta de escrúpulos.

Não havia mais paralelo com a política de antiguerra. Nunca se vira coisa semelhante. Todavia, fez-se sentir na conjuntura, pelo menos um benefício — não interveio como em 1914 nos conflitos de opinião pública o auxílio que agitadores recebiam de governos estrangeiros. Tinham agora de voar com as suas próprias asas, se bem aproveitassem junto às massas a publicidade que tinham desenvolvido durante a fase de propaganda subvencionada. Além-fronteiras ninguém mais se preocupava com os destinos da Itália naufragada em tormentosa confusão política. Os franceses tipo Barrère, conseguido o escopo, afastavam-se dos cúmplices, retiravam-se do cenário onde tinham representado tão relevante papel e abandonavam a vítima à própria sorte. Todos tinham de resolver problemas cruciantes e pouca atenção podiam dispensar a vizinhos. Via-se nessas condições a península a braços com terríveis escolhos semeados na sua rota, entre os quais avultavam prodigiosa inflação, depressão econômica, e, acima de tudo, agitação social. Recorreram, daí, os que se sentiam ameaçados nas suas posses e pessoas, aos que se inculcavam capazes de pôr paradeiro à turbação. Nesse momento, indivíduos que mais tinham concorrido para a agravação dos males, apresentaram-se como salvadores da pátria em perigo. Dizia um sábio experiente de lides políticas: "Trocam os demagogos mais facilmente de opinião do que de camisa". Foi quando Mussolini, de um dia para outro, surgiu em cena como defensor do capitalismo, trono e altar.

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