guerra de nervos contra todas as outras nações. Passou a imperar em toda a península a mais odiosa xenofobia, obrigado o fascista a se mostrar arrogante em presença de estrangeiros, principalmente quando eram pacíficos. Era de ver como nas ruas empertigavam-se os camicie nere e rosnavam insultos toda vez que cheiravam algum francês ou britânico. Esta burlesca empresa podia terminar em pouco morta pela falta de senso comum, sepulta pelo ridículo, solapada por descontentamentos internos, cansados por fim os produtores pela grotesca fantasmagoria. Entretanto, foi salva e alimentada pela demagogia das esquerdas, que teve o sestro de congregar em torno de Mussolini forças conservadoras muito maiores do que no momento supunham, as quais juntadas ao nacionalismo italiano ajudaram o Duce a se manter até o desastre final. Praticaram mais, deram-lhe o ensejo de representar o papel de defensor da civilização, posto vacante pela falta de quem o ocupasse ou de ambiente que permitisse fazê-lo nas democracias europeias. A situação assim disposta permaneceu até quando surgiu rival muito mais perigoso para a civilização do que Mussolini ou Stalin, na pessoa de Hitler, apoiado na maciça maioria do prestigioso povo alemão. Diretamente não concorreu o Duce para o aparecimento do austríaco, que ele viu emergir com prevenção e crescer com desagrado, mas sem dúvida alguma, pelo exemplo que dava e doutrina que apregoava, aplainou-lhe o caminho. A mesma condição favorável ao fascismo ainda mais auxiliou o nazismo. Em ambos os casos a grande alavanca movedora das multidões provinha do mesmo nacionalismo exasperado por tratados internacionais iníquos. Tanto a Itália vencedora como a Alemanha vencida repudiavam termos julgados inaceitáveis com análoga veemência! Como se poderiam sujeitar as herdeiras de Roma e do Santo Império ao Diktat de Versalhes imposto por americanos ignaros — diziam eles — e europeus aproveitadores do conflito?