O Brasil e o colonialismo europeu

povos inferiores, se bem muitos pertencessem a civilizações mais antigas que a anglo-saxônica. Toda a sua política estava consubstanciada na frase famosa por ocasião da guerra do Transwaal e da invenção pelos ingleses dos campos de concentração,(1) Nota do Autor "Right or wrong, my country", do etoniano ou harrowiano que a pronunciou em nome de seus compatriotas. A celeuma levantada no momento pelos outros europeus, fingidamente escandalizados pela avidez inglesa, não se alvoroçava pela imoralidade da campanha na África do Sul,(2) Nota do Autor mas por mera inveja. Solidarizavam-se com os boers todos que se julgavam feridos pelo apetite britânico, ou melhor, todos que pretendiam imitá-los e supunham-se detidos pelo seu poderio marítimo. Daí, o telegrama de felicitações do Kaiser a Krueger, e as caricaturas de Forain em jornais franceses onde se via o dito General, aplicar tremendo pontapé no trazeiro da Rainha Vitória revestido pelo Union Jack. Tanto é procedente nossa asserção, que a frase incriminada a porejar todo o colonialismo da maior potência marítima do século XIX, frase que hoje nos causa horror — mais expressão de cinismo predatório que de patriotismo no bom sentido do termo — foi, entretanto, durante muito tempo a cartilha política da mocidade de países civilizados.

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