O resultado daquele imperialismo, superiormente compreendido pelos mestres no ramo, servia de modelo para povos europeus e seus imitadores. Confundiam-se admiração e inveja nos êmulos dos britânicos. Que organização perfeita e formidável! Podia a esquadra inglesa reabastecer-se em qualquer tempo e circunstância em território sob a sua bandeira, estivesse na América ou no Extremo Oriente, na África ou na Ásia, em paz ou na guerra, de modo a facilmente bloquear qualquer inimigo, esfomeá-lo e arruiná-lo. Quem possuísse o oceano, dispunha da chave do mundo. O alcance dessa montagem era tão grande, que os alemães confessaram em 1914 terem sido surpreendidos pela declaração de guerra inglesa. Caso a previssem não teriam acompanhado a Áustria e a Rússia na insânia, e ter-se-iam esforçado por circunscrever o conflito. No entanto, quem detinha tão desmedido poder não conseguia assimilar uma província vizinha da Inglaterra, separada apenas por um braço marítimo. Embalde empregasse por sete séculos a violência a fim de absorver o irlandês, goravam os expedientes postos em prática, exceto na pequena nesga do Ulster, que se deixou protestantizar. A parte católica manteve-se irredutivelmente adversa, a despeito de afinidades de toda ordem, de idioma e de cultura e seduções defluentes do prestígio da Grã-Bretanha no universo. Quem pertencesse ao Reino Unido gozava primazia sobre os demais mortais. Era de ver a arrogância dos súditos de Sua Graciosa Majestade, a Rainha Vitória! Constituía espetáculo desagradável, sem dúvida, mas grandioso. Inda assim, de nada quis saber a Irlanda. Exigiu, e obteve a sua independência, após luta de infante David contra gigante Golias, chegada a bom termo graças à mudança política registada depois da primeira conflagração mundial.
A mole britânica que se alçara como sucessora da águia bicéfala na hegemonia colonialista, em dado momento