A Bahia e as capitanias do centro do Brasil (1530-1626). História da formação da sociedade brasileira. Tomo 3º

de Jesus, que tinham por únicos capazes de os esclarecer na crise.(1) Nota do Autor Reflexos do dilema ocorrem na pena do historiador oficial dos fastos lusitanos João de Barros, quando se esforça especiosamente em pospor o móbil econômico das navegações ao religioso, assegurando que el-Rei D. Manoel I, "nestas 1.600 léguas que mandou descobrir, achando-se muitos reis, e príncipes do genro gentio, nenhuma cousa quis deles, somente doutriná-los em a Fé de Cristo Redentor do Mando, Senhor do Céu, e da Terra".

Nas povoações americanas do começo da conquista encontramos a mesma angústia reavivada pela ardente prédica dos missionários, a evocar as penas divinas que desabavam sobre os esquecidos dos dez mandamentos.(2) Nota do Autor A terrível lembrança lançava perplexidade nos homens cuja missão no Novo Mundo consistia em se enriquecer para melhor servir o Estado. Não podia a mercancia nessas condições continuar estigma vil de judeus infiéis ou cristãos transviados, quando o capitalismo na península ibérica surgia encabeçado pela Coroa improvisada traficante, enquanto os súditos amealhavam meios para substituí-la no trato mercantil. No século XVI essa atividade pertencia pelos ajustes de Tordesilhas; referendados pelo vigário de Cristo; ao monopólio do governo, até que um dia empresas privadas pudessem tomar-lhe o lugar. Isso em tese, porque, na prática, uma centúria depois, o privilégio era disputado por outros católicos, e protestantes supervenientes, desfecho da completa subversão da antiga ordem, cujo desaparecimento também causaria o ocaso das Espanhas no cenário mundial.

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