A IDADE DE OURO DA BAHIA
O período transcorrido na Bahia de que vamos tratar da chegada de D. Francisco de Sousa e o seu solene acompamento, à invasão holandesa que semeou ruínas por onde passou, merece a designação de Idade de Ouro por coincidir com esses lapsos de tempo, em que o homem atinge através série de circunstâncias, estágio de felicidade quase ideal. A "largueza da terra" de que falam antigos autores, mantinha no reinol imigrado intacta a sua individualidade num meio em que ele apenas ressentia a presença do Estado. E, como soe acontecer, esta fase venturosa existia a sua revelia, mal ele a percebendo, se é que alguma vez a percebesse. Sem dúvida, a solidão; má escolha dos co-imigrantes; saudades do reino e outros elementos nostálgicos o molestavam, mas no Mundo Novo encontrava o dom mais precioso e ambicionado que o indivíduo pode sonhar — a liberdade!
No ermo não devia contas aos seus semelhantes. Fazia o que entendia, acertando ou desacertando como o jogador que alterna sensações no ganho e nas perdas. Mudava entrementes de pele, o que lhe seria difícil na mãe pátria, e quase sempre para melhor, desde lhe não estorvassem defeitos e taras congênitas. Em uma palavra, constituía a antítese da orientação hoje dominante no mundo, por completa alheia ao complexo criador do homem, e que