História de D. Pedro II, 1825-1891 3º volume Declínio, 1880-1891

VII

Dantas, como de resto todos os chefes políticos dessa época, não era ainda um convertido às ideias abolicionistas, e muito menos a medidas radicais de emancipação. Tinha, sobre isto, os seus receios, as suas objeções de princípio. Mas o Imperador, que queria decididamente que o Governo tomasse a si encaminhar a questão no Parlamento, fortaleceu-lhe a tal ponto o espírito hesitante, prometendo-lhe o inteiro concurso da Coroa, desse no que desse, que o chefe liberal baiano acabou por retirar todas as objeções e desfazer todas as dúvidas. Falou-se até num pacto, assentado entre o Soberano e o presidente do Conselho, em virtude do qual a Coroa assumia o compromisso de sustentar em toda a linha a política emancipadora do Gabinete, a qual compreendia, além da extinção do tráfico interprovincial e da conversão do fundo de emancipação, a libertação incondicional dos escravos sexagenários.

A grande significação do gesto do Imperador, apelando para Dantas e prestigiando-o com a sua solidariedade pessoal e constitucional, estava em que doravante era o próprio Governo quem trazia para o seio do Parlamento a questão da emancipação, "intervindo com a maior seriedade na solução progressiva do problema", conforme rezavam os termos da própria declaração ministerial; trazia-a da rua para o Parlamento, como dirá pouco depois Saraiva, evitando que ficasse entregue inteiramente às incertezas sempre perigosas da irresponsabilidade

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