mundo. Dava razão a todos. Tinha, como ninguém, a paciência de ouvir fosse a quem fosse, ao mais humilde como ao mais graduado cidadão do Império, a coragem, na qual só o Imperador o ganhava, de aturar os maçantes, os pedintes, os intrusos de toda a espécie, a classe enfadonha dos que querem passar por íntimos dos grandes homens, a todos quantos, enfim, o procuravam, fosse nos arredores do Parlamento ou do Ministério, fosse nas salas de sua residência particular.
Aí, em sua casa, não se fechavam as portas. Não se recusavam visitas. Acolhia-se a todos generosamente, largamente, a gregos como a troianos. Respirava-se uma atmosfera de grande tolerância, de franco otimismo, reflexo do temperamento do dono da casa, uma simpatia e uma franqueza que eram como que refrigérios nas paixões intolerantes de certos meios extremados da Corte. Deiró chamava a Dantas um gênio de paciência, e dizia: "No meio da aluvião de pretensões, no atropelo dos negócios, nas irritações dos adversários, nas descomunais e insensatas exigências dos correligionários, o Sr. senador Dantas ouve a uns, risonho; escuta a outros, atencioso; fala a todos e dá razão a todos, cheio de promessas e de esperanças"(9). Nota do Autor