também outros fatos e argumentos de observação própria, que o levaram à convicção inabalável da inocência do pobre magistrado e poeta injustamente condenado a degredo em terras africanas, de onde não mais voltou, falecendo no exílio, não como réu de um suposto delito, mas como vítima de sua própria desgraça.
Jamais nos convencemos da participação de Gonzaga no drama da Inconfidência, conforme tivemos a oportunidade de consignar em estudo que sobre o assunto publicamos, há anos, na Revista de Língua Portuguesa. De igual modo pensava Alberto de Faria (V. "Acendalhas") e, antes dele, muitos outros estudiosos da história nacional, por exemplo Múcio Teixeira que, em nota apensa a seu livro Vida e Obras de Castro Alves (1886), p. 327 e 328, declara em referência ao drama Gonzaga, do grande poeta dos Escravos:
"Lamento que Castro Alves preferisse Gonzaga aos outros grandes poetas da "Inconfidência" (Cláudio Manuel da Costa, Silva Alvarenga e Alvarenga Peixoto), ou ao legendário "Tiradentes", para o principal papel de seu drama, quando todos estes afrontaram a morte com tamanha superioridade de ânimo, ao passo que o enamorado de "Dirceu de Marília" tentou provar "que se achava em sumário sem ter parte no delito, que se lhe imputava, e que estava totalmente inocente..."
O livro de Almir de Oliveira, elegantemente escrito repleto de documentos incontestáveis, minucioso na parte informativa, seguro na dialética e fiel nas conclusões, é obra destinada a ser acolhida favoravelmente pela crítica que o há de julgar, tornado o nome do jovem autor amplamente conhecido e aplaudido como de fato merece.
Lindolfo Gomes.