parece bastante para explicar a indisposição, a preguiça, a falta de energia e iniciativa dos povos tropicais. Em primeiro lugar porque, segundo fisiologistas e nutrólogos autorizados, as combustões orgânicas moderam-se nos climas quentes e úmidos de maneira a reduzirem o esforço do nosso corpo para desfazer-se do calor resultante de suas atividades.(457) Nota do Autor Isso permite ao homem viver perfeitamente bem, desde que ao mesmo tempo adote um regime alimentar menos rico em calorias. Aliás, não é desprezível a possibilidade de que a obesidade, tão frequente em nosso período colonial sobretudo entre as mulheres, correspondesse à necessidade que o organismo experimentava de maiores áreas de pele para eliminação do calor; e a própria obesidade devia resultar do fato de que, sendo a alimentação excessiva para as exigências do clima, somente uma parte dos princípios nutritivos entrava em combustão: o restante seria armazenado sob a forma de reservas. Por esse mecanismo, a mulher, que tem um metabolismo mais adaptável, processaria a sua aclimatação, já que não conhecia as modernas regras de nutrição e de fisiologia geral, capazes de a ajudarem a fazê-lo de melhor maneira.
É preciso não esquecer também as doenças e a subnutrição. A última tem, nos ditos climas, a sua expressão na famosa hipoemia intertropical, espécie de estigma a que, segundo a ciência médica europeia do séc. XIX, ninguém escaparia nas latitudes próximas do equador, quando a verdade é, hoje plenamente estabelecida, que esse tipo de anemia deriva de carências alimentares e,