que as mulheres conservaram em todo o período colonial, ao menos dentro de casa. Os próprios clérigos, obrigados a usar vestes exteriores compridas até os artelhos, feitas de tecido preto enquanto vivessem nesta cidade, podiam, quando estivessem em fazendas do campo, ou morassem em lugares pequenos e de pouca povoação, usar "de vestidos de cor, com tanto que não seja vermelha, encarnada, verde-clara, nem mesclada destas três cores", e compridas somente até o meio da perna.(461) Nota do Autor
A habitação, que o colono criou aqui, misturando elementos romanos fixados na Península Ibérica, com traços mouriscos, chineses e muçulmanos, foi o melhor instrumento da integração do lusitano ao Brasil, - tanto as casas-grandes dos engenhos e os ricos solares com suas espessas paredes, seus amplos salões, largos corredores, janelas e portas muito altas, pés-direitos descomunais, telhados muito acima do solo e quase chatos para que o sol neles incidisse o menos diretamente possível, quanto as próprias casas pobres e pequenas das povoações, aconchegadas umas às outras por medida de segurança e certamente de economia, mas sem dúvida por instintiva maneira de proteção contra a soalheira, - com seus quartos sombrios, suas camarinhas escuras, suas telhas-vãs, e as portas e janelas cerradas por postigos, janelosias, adufas e muxarabis, casas em que o ar se mantinha fresco, embora mal renovado e no interior das quais os raios do sol pouco penetravam para impedir a criação do mofo e evaporar a umidade retida no chão de terra batida ou de tijolo, nas paredes de adobe ou taipa. Outro recurso ecológico era o sistema de ruas estreitas, vielas e becos sombrios, como os orientais, com casarões altos de um lado e outro; ruas e vielas que, submissas aos caprichos do