História do Brasil T5 - A República, 1956

se desprende da tradição e torna-se eclética na era euforicamente burguesa de 1890. Renuncia à dignidade fria dos casarões, em cujo traço patriarcal (ainda português) sobrevive o sentimento de espaçoso conforto, e adota os estilos imaginosos, exóticos e desconexos - entre o gótico inglês da ilha Fiscal (Del Vecchio) e, vinte anos depois, o muçulmano do instituto de Manguinhos, o alegórico do palácio Monroe (general Souza Aguiar) e o decalcado do teatro Municipal (redução da Ópera de Paris, por Pereira Passos...) Essa corrente deslumbra, com a avenida Central (1904) e a Exposição de 1908. Os seus maiores nomes são estrangeiros: Morales de los Rios (autor do mais belo edifício do período, a Escola de Belas Artes, e de algumas das construções típicas, como o Supremo Tribunal e o palácio cardinalício), os irmãos Rebecchi... De 1910 a 1920 prevalece o equilibrado bom gosto de Heitor de Melo - mestre de arquitetos com o Jockey e o Derby Club, o Conselho Municipal, o Clube de Engenharia -, de Gire (Copacabana Palace, modelo no gênero), Viret e Marmorat (edifício Lafont, na Avenida, primeiro prédio de apartamentos da cidade), paralelo à reação colonialista de Ricardo Severo em São Paulo, de José Mariano. Porque não a boa casa antiga, azulejada, avarandada, de largas telhas e pórtico barroco, lusitanamente hospitaleira? A Exposição de 1922 deu a essa experiência um ensejo feliz e breve. O seu melhor documento no Rio é a Escola Normal (dirigia a instrução Fernando de Azevedo). Amaneirou-se e degenerou-se. De 1920 a 30 preponderaram um ornamental Luiz XVI (Câmara dos Deputados, arquitetos A. Memoria e F. Cuchet), a renascença italiana, os estilos elegantes mexicano e californiano, o normando... Aristides Memoria, discípulo e sucessor de Heitor Melo, arquiteto chefe da Exposição do Centenário, domina essa época de transição. Sobrepuja-a o espírito revolucionário (1930) tão vivo aqui como

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