História da História do Brasil. Volume II Tomo 2 – A metafísica do latifúndio: O ultra-reacionário Oliveira Viana

Quando estuda os critérios de valor nas sociedades pré-capitalistas, volta às suas ideias de biologizar a história, buscando as bases biológicas e herodológicas da nobreza e suas funções específicas na sociedade, gente orgulhosa da sua origem, sangue e família. Classe cheia de privilégios, isenta de trabalhos vulgares, e que goza do monopólio dos cargos públicos. Era a classe política e governamental. Sua função é a administração e direção política da sociedade. Entra em pormenores sobre o valor e função da nobreza de sangue, que nada tem a ver com os estudos dos brasileiros e aliando, como sempre, vem da Grécia e de Roma até o fim da predominância da nobreza. Exemplifica mostrando que na Península Ibérica essa militarização da nobreza e da aristocracia é um fenômeno visível a olhos nus. O movimento de expulsão dos sarracenos na Guerra da Reconquista criou um estado de guerra permanente, que durou sete séculos. Todos faziam parte da luta armada, desde os mais pobres vilões, que manejavam o arco ou a lança, batalhavam a pé, os nobres e cavaleiros e os nobres de linhagem, grão-senhores de feudos e terras, até os religiosos e as ordens regulares ou seculares, como os Templários ou da Ordem de Cristo, os da Ordem da Torre e da Espada. Compilou de Alexandre Herculano e sem nenhuma relação com o Brasil e sua gente. Isto se passava na Idade Média, quando o Brasil era povoado por tribos selvagens. E por aí vai, perdido, nas páginas que tratam da Grécia, de Roma, da Grã-Bretanha, da França, mas igualmente nada tendo a ver com o Brasil. A transplantação da nobreza atingiu a sua base urbana e palaciana quando se "descobriu" para o Ocidente, o Brasil, e se iniciou o povoamento. Todo o livro gira em torno da nobreza e de sua vinda para o Brasil, esquecido de que para aqui mais vieram degradados que nobres, que não iam deixar os confortos em que viviam pelos desconfortos da selvageria brasileira.

"Na verdade" - escreve o historiador - "era o sangue nobre a fonte da verdadeira nobreza" (p. 45). Com a evolução dos tempos, a estrutura da sociedade feudal se foi modificando - e novos critérios, novas tabelas de merecimento social foram aparecendo, o que facilitou a ascensão das classes abaixo da nobreza de sangue. Assim, por exemplo, merecimento intelectual ou cultural literário e científico, ou a exação perfeita no exercício dos serviços do Estado; daí a nobreza eclesiástica, advinda das virtudes religiosas. Antes era só o valor militar, agora o valor intelectual ou, ainda muito mais tarde, a riqueza nobiliárquica. Esta nobreza de toga ou burocrática. Não tinha como a nobreza feudal (de sangue ou guerreira) base territorial e só se tornou influente nos fins da Idade Média, quando começou a se processar a desagregação da sociedade feudal e o advento das grandes monarquias absolutistas e o predomínio da nobreza sobre a nobreza feudal. Na ascensão à nobreza não intervinha o fator riqueza monetária.

O advento de burguesia da nobreza dourada surge mais tarde, já no século XIV, em consequência dos descobrimentos da Índia e da América. A restrição oposta à nobilitação dos homens ricos se refere exclusivamente à riqueza

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