pessoal de encarar as questões. O livro, escrito para uma época, passou; mas, justamente por isso a sua leitura torna-se indispensável para o conhecimento das instituições políticas e administrativas do segundo Império. Há, contudo, páginas que ainda hoje são interessantes, como, por exemplo, aquelas em que o autor trata da dispersão da população, da divisão administrativa e das comunicações, nas quais predomina o sociólogo. A divisão territorial do Império, para ele, era defeituosa, relíquia da carta régia de D. João III. As subdivisões existentes, a critério dos partidos locais, justificavam apenas interesses eleitorais, fora de qualquer consideração de ordem econômica ou política, e exigiam uma reforma completa. Mas qual o remédio para o mal? Para ele, a criação de províncias representava um aumento de despesa considerável, com a indispensável coorte de funcionários. A sua opinião sobre a divisão territorial do Império, ele não expendeu, pois deixara a matéria para uma futura obra que não chegou a concluir. Referindo-se, porém, ao projeto apresentado por Andrada Machado, José Bonifácio e Araújo Lima, na Constituinte, dividindo o Império em comarcas, subdivididas em distritos e termos, com os seus respectivos administradores e conselhos eletivos, Uruguai tem as seguintes palavras que demonstram a sua simpatia pela divisão proposta na primeira Constituição, destinada ao Brasil: "Com semelhante base, seria hoje mui diverso o estado das cousas."
O livro do Visconde do Uruguai despertou um vivo interesse. As críticas que então foram feitas, umas favoráveis outras contrárias, demonstram a repercussão que teve o estudo dos problemas abordados pelo autor e o modo de os considerar. Pela primeira vez, em um trabalho metódico e sério, fazia-se a crítica das instituições políticas e administrativas do Império. Os panfletos e escritos da escola liberal e mesmo, mais tarde, os dos republicanos