A vida do Visconde do Uruguai (1807-1866) (Paulino Soares de Souza)

Deseando á V.Exa. y á toda su Exma. Familia la mejor salud y la meyor prosperidad, tengo el honor de repetirme, de V.Exa., muy sincero amigo y aff.m° seguro ser.dor Q.B.S.M. Andrés Lamas."

Nesta sua carta ao Visconde do Uruguai, talvez a última, D. Andrés Lamas conserva ainda, como na primeira de 1850, a mesma letra pequena e elegante. Relembrando-se do passado, como bom historiador que era, traz a queda de Rosas, como o ponto de partida de uma nova era para as Províncias Argentinas. Como político, felicita ao seu amigo e companheiro de 49 a 53, e se felicita, pela obra que fizeram: "Nuestra grande obra no esta perdida..." O tempo passara; outros com outras ideias substituíram-nos no poder e na direção dos negócios; porém, com todos os disparates que faziam, de ambos os lados, não conseguiram arredar o marco que os dois ergueram. Para todo o sempre, a política de 1850 tornara-se uma etapa vencida: fim de uma época e início de outra, tanto Para o Rio da Prata, quanto para o Brasil. A política de afastamento que, até 1849, prevalecera, fazendo do Império um corpo estranho no continente, fora abolida. O Brasil, como país americano, com interesses americanos, não podia continuar alheio por completo à política continental. Se, mais tarde, como diz Lamas, os disparates feitos pelos dois governos seriam a causa aparente de uma guerra desoladora, esta não seria a consequência da intromissão do Brasil na política americana, mas de sua própria posição. Se, em vez da política de 1850, caso fosse possível, dada a posição agressiva de Rosas, o Brasil continuasse alheio aos movimentos do Rio da Prata, nem por isso evitaria essa guerra. Estaria então sozinho, cercado de inimigos. Mas, o contrário sucedeu: quando levado no turbilhão, pelos acontecimentos que antecederam a guerra, já sem os poder

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