História político-econômica e industrial do Brasil

verificou, sob todos os seus variados aspectos. É sabido que nada sucede por acaso, mas tudo tem sua motivação e derivação, cumprindo ao historiador buscá-las, apresentá-las, para sua compreensão e julgamento. Dessa maneira, daremos consciência aos acontecimentos inconsciente e organicamente evoluídos, como queria Vicente Licínio Cardoso.

Nossa história econômica acha-se ainda deficientemente estudada, cheia de claros em suas análises, não existindo quase histórias dos produtos ou dos Estados, de modo a facilitar uma visão de conjunto do panorama nacional em sua dinâmica evolutiva. E sem esse material preliminar, não pode haver um trabalho completo e consciencioso de nossa expansão material com sua consequente repercussão na superestrutura ideológica. Não queremos com isso menosprezar ou sequer subestimar a obra até aqui realizada nesse domínio, pois sabemos, por experiência própria, o quanto ela representa de esforço e dedicação, sem qualquer ajuda ou estímulo de quem devia se interessar por ela.

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O processo de industrialização não é um movimento autônomo, mas constitui uma política econômica total, para o qual deve convergir a maioria dos recursos, materiais e humanos, exigindo ao mesmo tempo uma mobilização psicológica e aproveitamento de certa época histórica. Quase sempre tal processo ocasiona choques com os interesses já estabelecidos, nacionais e estrangeiros, o que o torna penoso e de difícil transição.

Devido a isso, ao historiarmos nossa formação industrial tivemos de acompanhar quase toda a evolução econômica do país com os reflexos por ela provocados e as influências sobre ela exercidas, o que explica o título adotado.

No período colonial, dado nosso status jurídico, não podíamos ter uma política econômica própria, nacional, dependendo tudo da orientação imposta pela metrópole portuguesa. As atividades manufatureiras e artesanais então existentes, eram, por isso, pequenas e rudimentares, porém, mesmo assim, após algum tempo, foram proibidas. Com a passagem do Brasil à cabeça de reino, após a fuga precipitada da corte lusitana para cá, criaram-se

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