Deodoro: a espada contra o Império Tomo 2 – O galo na torre (Do desterro em Mato Grosso à fundação da República)

Mas a República, como previa Rui Barbosa, tão cedo não teria sossego.

Posta em dúvida a autoridade de Floriano, começam a desafiá-la os seus adversários. Subleva-se, a 13 de dezembro, a tripulação do cruzador "Primeiro de Março". Cerca de sessenta marinheiros que se queixavam dos maus tratos por parte dos oficiais são conduzidos, presos, para a Fortaleza de Santa Cruz. No mês seguinte, a 19, inicia-se uma revolta nas Fortalezas da Laje e Santa Cruz. Nesta, o segundo sargento Silvino Honório de Macedo tinha posto em liberdade os presos, colocando-se à frente dos mesmos. Um destacamento de rebeldes se apossara também do forte do Pico. O sargento que chefiava a revolta ousadamente envia a Floriano Peixoto uma intimação escrita para que renuncie ao cargo de presidente da República dentro de duas horas, sob pena de bombardeio da cidade. Mandam, como parlamentário, o coronel Francisco da Rocha Calado, numa lancha, com bandeira branca. O coronel dá conselhos aos rebeldes, mostrando que era loucura quererem desafiar o governo. Mas Silvino responde:

- Ou Deodoro reassume a presidência da República, ou nós vamos até o fim. Estamos resolvidos a ficar sepultados nas pedras desta fortaleza!

A repressão é violenta, por terra e por mar, sendo a revolta esmagada, com a perda de vinte e poucas vidas, além de alguns feridos. Um destes é o sargento Silvino de Macedo, que tem o maxilar varado por um tiro de revólver, desfechado pelo capitão de artilharia Joaquim Puget. Interrogado na presença do ministro da Guerra, interino, e de outras autoridades, diz Silvino de Macedo que fora vilmente traído, pelos que o haviam incitado à revolta. Diz que não se tratava de um pronunciamento isolado, mas de uma grande revolução, planejada para estalar simultaneamente na capital da República e nos diversos Estados. Declara que estivera em reuniões a que tinham comparecido generais e outros oficiais superiores, além de deputados e outros elementos civis. A combinação era no sentido de ser deflagrada a revolução a 20 de janeiro, dia de São Sebastião. Tivesse, ou não, esse levante as ramificações que o sargento Silvino declarava, a verdade é que nos meios militares cresciam as indisposições

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