golpe de Estado. A deposição de um desses presidentes de Estado, o do Amazonas, Taumaturgo de Azevedo, gera um incidente, que provoca pronunciamentos de dois sobrinhos de Deodoro, o tenente-coronel Hermes Rodrigues da Fonseca, comandante do 2.° Regimento de Artilharia, e o capitão Clodoaldo da Fonseca, que serve no Colégio Militar. Custódio José de Melo, que à posição de ministro da Marinha reúne, interinamente, as honras de ministro da Guerra, manda prender a ambos, a 20 de fevereiro de 1892. Nessa ocasião, Floriano Peixoto se exprime, deste modo, em bilhete dirigido a Custódio, recomendando energia sem excessos: "Trata-se de oficiais declarados adversários e sobrinhos do tio, mesmo por isso devemos proceder com toda energia, mas não exorbitando os limites da lei: assim ganharemos prestígio e não seremos taxados de parciais e vingativos".
A legitimidade do exercício definitivo do poder por Floriano Peixoto é, desde logo, posta em dúvida pelos seus adversários. Sustentam estes a ilegalidade de sua permanência na chefia do governo. Rui Barbosa, com a sua incontestável autoridade, proclama a necessidade de ser eleito, nos termos da Constituição, novo presidente, pelo voto direto. "Em meu humilde entender, não há dúvida quanto à necessidade constitucional de proceder-se a nova eleição do presidente da República, uma vez que a vacância se abriu no primeiro biênio do período presidencial", declara Rui. Diz ainda, incisivamente: "Com essa eleição teremos que vencer uma crise. Mas essa crise tem na eleição mesma a sua solução natural. Crise incomparavelmente mais temerosa, crise dilatada, crise em permanência, crise indeslindável seria a prorrogação da presidência atual, sustentada contra a lei, por uma interpretação de condescendência: pois essa crise viciaria a autoridade do poder nas suas partes, legal e moralmente, imprimindo-lhe um cunho de ditadura interessada". Floriano Peixoto não queria, porém, arriscar-se à eleição, com o país desorganizado, em estado de quase anarquia. Era esta uma das consequências do golpe de Estado de 3 de novembro. Preferia o vice-presidente da República, em exercício, as interpretações condescendentes, disposto a reforçar-lhes os fracos argumentos com as duras razões de sua espada inflexível.