Era um Floriano novo e estranho, aquele! Tobias Monteiro, que recolheu as confidências do Barão de Lucena, registra em Pesquisas e depoimentos: "Eram sete horas. Na descida (da Rua Taylor), chegando à Glória, Deodoro parou algum tempo; olhou fixamente a Rua da Lapa e voltou depois os olhos para o mar. A fisionomia animou-se de uma vivacidade estranha; o olhar faiscava; as narinas arfavam; a barba parecia agitar-se; e todo o rosto inflamava-se daquela expressão fascinadora, que nunca esquecerá quem lhe houver sofrido o domínio. Dir-se-ia que o seu espírito voava numa alucinação violenta. De repente, como se delirasse, começou a exclamar, em voz de comando: "Onde está essa infantaria que não marcha? E esses navios de fogos apagados?" Depois, como se baixasse à realidade: "Hei de escrever uma carta ao Sr. Floriano e ao Sr. Melo, dizendo-lhes que eles são os homens mais poderosos desta terra e praticam atos que eu não teria nem a coragem, nem o poder de praticar!" Foi a última vez que saiu de casa.
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O estado de saúde de Deodoro agravava-se cada vez mais. Contudo, era ainda para ele que se voltavam as esperanças de muitos dos que combatiam Floriano. Três dias depois da reforma dos generais, a 10 de abril, esses adversários do florianismo fazem distribuir na cidade boletins convidando o povo para uma manifestação a Deodoro, em sinal de regozijo "pelas melhoras conseguidas em seu grave estado de saúde". O motivo era aparentemente inocente. E de tal forma que o chefe do Estado-Maior resolve atender ao pedido que lhe fora endereçado a fim de que a banda do 24.° Batalhão de Infantaria puxasse o desfile. Custódio José de Melo, que se achava em Petrópolis, desceu precipitadamente e logo se cientificou de que algo de anormal se estava passando. No Largo da Lapa, havia uma grande aglomeração. E o que constava é que a revolução estava na rua, para depor Floriano. Sem perda de tempo, mandou desembarcar forças de infantaria da Marinha, para guardar certos pontos da cidade, e preparar os navios, para a eventualidade