Deodoro: a espada contra o Império Tomo 2 – O galo na torre (Do desterro em Mato Grosso à fundação da República)

de uma ação militar de envergadura. Floriano, com grande destemor, enfrentou a situação. A polícia entrou em campo, fazendo numerosas prisões de civis. Alguns militares foram também presos, como o coronel Mena Barreto, que descera de um bonde cheio de manifestantes dando vivas a Deodoro. Verdadeira multidão alcança a casa de Deodoro, que não pode sequer deixar o leito para dizer uma palavra de agradecimento. É o deputado baiano José Joaquim Seabra quem vem falar, dando explicações ao povo e desculpando o marechal. Mas, a certa altura do seu discurso, alguém lhe diz que os batalhões deodoristas haviam deixado os quartéis e avançavam para a cidade, a fim de depor Floriano. Logo, o orador se inflama, investe contra o "usurpador do poder", convida o povo a aclamar Deodoro e ir ao encontro das forças antiflorianistas. Tudo, porém, não passara de simples boato. O governo, através de medidas prontas e enérgicas, estava dominando a situação.

Começam, então, as prisões dos elementos ostensivamente antiflorianistas. J. J. Seabra, Severiano Rodrigues da Fonseca Hermes, Campos da Paz, Clímaco Barbosa são surpreendidos num prédio da Rua do Lavradio. Eduardo Wandenkolk é preso numa cabana de pescadores, no Leblon. As imunidades parlamentares de nada lhes valem, porque um decreto de Floriano, alegando que fora cometido contra o governo o crime de sedição, declara o estado de sítio e suspende as garantias constitucionais. Além das prisões, vem o desterro. Para o Amazonas são mandados, entre outros, o general José Clarindo de Queirós, tenentes-coronéis Mena Barreto e Taumaturgo de Azevedo, Barão Moniz de Aragão, marechal Almeida Barreto, coronel Jaques Ourique, Conde de Leopoldina, deputado J. J. Seabra, José do Patrocínio, Almirante Wandenkolk, capitão-tenente José Carlos de Carvalho, etc. Outros são detidos nas prisões militares do Rio: Olavo Bilac, na Fortaleza da Laje; general Antônio Maria Coelho, na de Villegaignon; vice-almirante Manhães Barreto na de São João. Professores de direito e medicina são demitidos. Floriano não hesita em tomar as mais drásticas medidas, com a solidariedade de seus ministros, Rodrigues Alves, Antão Gonçalves de Faria, Fernando Lôbo, Serzedelo Correia, Custódio José de Melo e Francisco Antônio de Moura. O

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