Deodoro: a espada contra o Império Tomo 2 – O galo na torre (Do desterro em Mato Grosso à fundação da República)

Memória para meus filhos.

(Escrita pela princesa Isabel, relatando do seu ponto de vista a queda da monarquia e o embarque da família imperial).

Opinião de Papai e nossas: "Se soubesse exatamente como as coisas se achavam, teria ficado em Petrópolis, de onde depois ter-me-ia internado mais e mais, se fosse necessário".

Papai diz, provavelmente, para não aumentar a culpa, que o Ouro Prêto não o chamou ao Rio, mas que pensou, com sua presença, tudo serenar, e portanto não duvidou em descer para o foco, onde estaria mais perto dos acontecimentos e mais depressa, poderia providenciar.

Diz Papai também que foi ele quem se lembrou do Silveira Martins para suceder ao Ouro Prêto. Em todos os casos como é que o Ouro Prêto não o dissuadiu disso?

Além de que é contrário ao seu costume deixar seguir o parecer do Presidente do Conselho que se demite; por coisas que ouvi, creio que foi o Ouro Prêto quem indicou o Silveira Martins, assim como foi ele quem chamou Papai de Petrópolis. Ambas as ideias foram desacertadas!

Com outras medidas se teria evitado o mal? Não sei. Gaston também foi de opinião de conservarmo-nos em Petrópolis, mas não teve meio de comunicar-se com Papai, e quanto a mim, que sempre vejo tudo pelo melhor, estava longe de pensar que sucederia o que sucedeu, e portanto atuou muito no meu espírito a ideia de não fazermos um papel que mais tarde tornasse menos fácil a nossa posição, podendo-se-nos acusar de pusilanimidade.

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