Como o Ministério, e especialmente os Ministros da Guerra, da Marinha e da Justiça e o Presidente do Conselho, por estes não sabiam nada? Imprudência! e mais imprudência! descuido ou o quê? Uma vez que a força armada toda estava do lado dos insurgentes, todos nós, nem ninguém poderia fazer senão o que fizemos.
Quando os primeiros dias de angústia são passados, e meu espírito e coração acabrunhados pela dor podem exprimir-se a não ser por lágrimas, deixai-me, filhinhos, que lhes conte como se deu a maior infelicidade de nossa vida! Eram dez horas da manhã do dia 15 de novembro de 1889, quando a casa chegaram o Visconde da Penha e o Barão de Ivinheima declarando-nos que, diziam, parte do exército insurgido, e na Lapa achar-se um batalhão ao qual se tinham reunido os estudantes da Escola Militar, armados. Pouco depois, chegaram o Tosta, Mariquinhas e Eugeninha, pouco depois o White. Foram então chegando, sucessivamente, o Ismael Galvão, Miguel Lisboa, Pandiá Calógeras e senhora, Lassance, Major Duarte, Barão do Catete, Carlos de Araújo, Drs. Rebouças e Araújo Góis.
As notícias que chegavam eram tais que a nós pareciam exageradas. O Miguel Lisboa ofereceu-se então para ir ao próprio Campo da Aclamação saber do que havia. Daí voltou dizendo que o Ministério estava sitiado no Quartel e o Ladário dado como morto.
Ligamos os telefones com os Arsenais de Marinha e Guerra que responderam nada saber.
Não quis sair logo do Paço Isabel, temi que talvez não sendo as coisas como se diziam, não viessem mais tarde acusar-me de medo, do que aliás, nunca dei provas.
Pouco depois vieram notícias de que tudo estava apaziguado, nada mais haver a recear, mas todo exército coligado ter imposto e alcançado a retirada do Ministério. Gaston exclamou: a Monarquia está acabada no Brasil. Ainda iludida, eu julguei que tal exclamação era pessimismo. Também nos informaram que o Deodoro tinha a seu lado o Bocaiúva e o Benjamin Constant e que declarara um Governo Provisório. O Rebouças chegou a casa e veio também da parte do Taunay com o plano de que Papai se conservasse em Petrópolis, e aí estabelecesse o Governo internando-se se fosse necessário.
Nesse ínterim ninguém sabia como comunicar com Papai, temendo-se uma traição do telégrafo central no Campo, provavelmente em mãos dos republicanos; com efeito, pouco depois o Capanema declarava que entregara o telégrafo a estes. Os meninos, fizemo-los partir, antes do recado do Capanema, para bordo do "Riachuelo", enquanto