Deodoro: a espada contra o Império Tomo 2 – O galo na torre (Do desterro em Mato Grosso à fundação da República)

De Deodoro da Fonseca a Rui Barbosa sobre a situação do engenheiro Ewbank da Câmara:

"Gabinete do Chefe do Governo Provisório. Capital Federal, 16 de dezembro de 1889.

Ilustre colega e amigo.

Por comunicação vossa soube que nada se resolveu na Conferência de hoje com relação à ida do Dr. Ewbank para a Europa; estranho o fato, porquanto, assinando o decreto de sua exoneração do cargo de diretor da Estrada Central, fi-lo em consequência de pedido seu, por ter prometimento do então ministro da agricultura para a comissão à Europa. A sua exoneração, depois de tomadas as providências para sua partida, sem um motivo ponderoso e sem meu conhecimento, prova não somente falta de coesão e unidade de vistas no seio do gabinete, mas ainda afeta diretamente o decoro e o critério do governo.

Quero, portanto, que, a bem da moralidade administrativa, se não suponha ter sido um funcionário de elevada categoria vítima de uma cilada, e que se mantenha o ato de sua nomeação.

Lamento ser forçado a expender com franqueza a minha opinião que espero seja aceita pelos ilustres colegas, a quem presente será esta comunicação que tenho a honra de fazer-vos.

Essa opinião já teria eu manifestado ao nosso amigo e colega da agricultura se me houvesse antecedentemente consultado sobre o ato que nulificou aquele que me parece justo e que se deve manter.

É essa minha resolução de que não declinarei em circunstância alguma, porque não quero mais do que fazer respeitar o governo pela justiça e critério em todos os seus atos.

Dignai-vos expor em conferência o que vos refiro e conto com o vosso apoio e de nossos dignos colegas.

O vosso amigo agradecido.

(a) Manuel Deodoro da Fonseca."

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