título de Barão de Itapevi, tinha o tenente-coronel Medeiros Mallet uma folha de serviços irrepreensível. A imprudente atitude ministerial chocou os meios militares, parecendo-lhes que a atrevida demissão "a bem do serviço público" era uma tardia revanche dos casacas à nota desabonadora que marcara, quando de sua exoneração, o chefe de Polícia de São Paulo, Cardoso de Melo Júnior. O ato ministerial, em verdade, só se explica como uma explosão de mau humor e de autoritarismo, de uma exasperadora irritação, oriunda de uma tensão prolongada e cada vez mais insuportável. Ou seria, ao contrário, um desafio proposital, de quem provoca o adversário com a intenção deliberada de intimidá-lo, quer pela intrepidez do desafio e da exibição de força, quer pela brutalidade do castigo? Não faltaram a Medeiros Mallet defensores vigorosos e extremados. Nenhum mais extremado, nem mais vigoroso, que Rui Barbosa. Nas colunas do Diário de Notícias erguera ele verdadeira barricada contra o governo de Ouro Preto. A 28 de outubro, ocupou-se o implacável jornalista do rumoroso incidente no artigo "Assuntos militares (Exoneração do Tenente-Coronel Mallet)." No final, sumarizando os elementos de defesa do ilustre oficial atingido pelo ato do ministro da Guerra, escrevia Rui: "Todo o funcionário militar tem sua responsabilidade perfeitamente definida nas leis militares. Se, no exercício de qualquer comissão do Ministério da Guerra, esquece ele o cumprimento do dever, deve ser imediatamente exonerado e submetido ao julgamento de seus pares, investidos das atribuições claras e positivas, que as leis e os códigos estabelecem. Antes da decisão desses tribunais, ninguém, por mais alta que seja a sua posição administrativa, pode qualificar oficialmente o procedimento do delinquente. Para os espíritos retos é bem sábia e previdente a lei que assim põe a salvo dos assaltos das vinganças pequeninas, das perseguições politicas, e dos orgulhos desmedidos, a fé de ofício dos oficiais do Exército, sobre a qual se estriba toda a sua vida, toda a sua glória, todo o seu futuro. Quando, em outros tempos, acusações eram feitas, às vezes bem acerbas e aparentemente documentadas, da tribuna da Câmara, ou do Senado, a militares de qualquer patente, os ministros da Guerra respondiam simplesmente, com a força que lhes dava o leal cumprimento da lei: "O