De acordo com os costumes da época, Francisco de Paula Sales, na qualidade de primogênito, serviu ao pai, como tropeiro, no transporte dos produtos da fazenda do alferes, no sítio do Macuco. "Mas, ao tomar estado, tornou-se lavrador, indo cultivar o quinhão vizinho, que o velho lhe doou, como a todos os filhos, quando se casavam, a fim de que se estabelecessem com economia separada. Expandia-se, no município, a plantação do café, iniciada em grande escala por Francisco Egídio de Sousa Aranha, no ano de 1835. Paula Sales, como em geral os homens de sua geração e qualidade, seguiu essa esteira. Senhor de terras e de escravos, penetrou-se profundamente do espírito da gleba, característico da casta a que pertencia, transmitindo-o aos filhos, que foram treze"(3). Nota do Autor João Alberto foi o antepenúltimo, nascido quando seus pais ainda residiam num casarão térreo, de longo beiral, que dava para a antiga rua Bom Jesus, esquina da que se chamou, depois, Regente Feijó, recebendo as águas lustrais na Matriz Velha.
Pouco se sabe sobre a infancia de Alberto Sales, a não ser dois dados objetivos que permitem toda sorte de especulação psicológica: sua posição na constelação familiar, quase caçula, mimado pelos irmãos mais velhos; e o fato de ter nascido quando seus pais comemoravam o 20º aniversário de casamento.
Como já advertia Adler, a criança está destinada a certo papel infeliz nas pequenas famílias, de acordo com a "ordem do nascimento" (filho mais velho, filho do meio, caçula, filho único); é bem possível que João Alberto tivesse tido uma meninice tranquila, caçando pássaros nos cafezais com seus irmãos e aprendendo as primeiras letras com Paula Sales, que "dava aos seus a instrução rudimentar do tempo, mal adequada ao preparo disciplinar do espírito. Os métodos em voga, ainda nos centros mais adiantados, não iam muito além dos processos maquinais de ensino, herdados da antiga escola régia"(4). Nota do Autor Adolescente, transfere-se para São Paulo a fim de fazer os preparatórios, residindo em casa de sua irmã, casada com Cerqueira César, que mais tarde viria a ser chefe do governo do Estado. Na capital da Província a instrução secundária não passava de simples degrau para as escolas superiores.