I
Um Trunfo Conservador
Em outubro de 1851, o governo imperial, à vista do inesperado desfecho do seu primeiro lance no Rio da Prata, necessitou aí de representante, que aliasse ao prestígio de sua posição política a rapidez de ação. O escolhido foi Honório Hermeto Carneiro Leão, pouco depois visconde e marquês de Paraná. Em menos de duas semanas, viu-se ele nomeado plenipotenciário, recebeu as instruções e seguiu para Montevidéu. É de se notar que as instruções falavam não só no patriotismo e na ilustração do senador mineiro, mas ainda na sua "enérgica atividade" (1)Nota do Autor.
Honório Hermeto não se individualizou tanto pelo seu gênio altaneiro e ríspido quanto pela intensidade de sua ação. Não foi apenas o homem atrabiliário, que acabou por fazer de sua vida um rosário de rixas, desafios e agressões. Longe de esmoer, irritado, os rancores que ressumavam das lutas diárias, sabia alhear-se de tudo isso e buscar no trabalho construtivo qualquer coisa de maior e melhor. Porém a fama de brigão, que conquistara durante os anos de luta, acompanhá-lo-ia ao Rio da Prata.
Era representante do Império, em Montevidéu, o desembargador Rodrigo de Souza da Silva Pontes. Ao aparecer-lhe Honório na legação, como ministro plenipotenciário, desgostou-se profundamente. Por mais que