excogitasse, não atinava com razão capaz de justificar o incômodo, a que se dera aquela ilustre personagem, de tão desagradável viagem, justamente agora depois de concluído o lance mais difícil da diplomacia. E esse lance, que culminara na queda de Oribe, fora todo premeditado, preparado e realizado, por intermédio dele, Silva Pontes, apenas, como encarregado de negócios (2)Nota do Autor.
Para o melindrar ainda mais, trazia-lhe José Maria da Silva Paranhos, que acompanhava o futuro marquês como secretário, apresentação do amigo comum Manuel de Araújo Porto-Alegre, em que lhe avivava o traço predominante do plenipotenciário, inculcando-o, por ironia, como "um dos poucos cavalheiros que temos na época atual"(3)Nota do Autor.
Conhecia Silva Pontes o novo diplomata de longa data. A ele se referiu várias vezes em um dos seus diários, escrito havia oito anos. Mas, sempre que o fez, demonstrou muito pouca simpatia pelo então ministro da Justiça. Não havia mentira ou calúnia, que contra ele se levantasse, que não acolhesse o desembargador, no seu diário, pressuroso.
Era gratuita a aversão. De um passo do próprio diário de Silva Pontes, extratamos o seguinte: "Entreguei ao Sr. Honório um requerimento para licença com vencimento, e posto que me tratou bem não se mostrou tão familiar como tinha de uso. Disse-me que o meu requerimento é justo, mas que o há de levar a despacho por isso que se pede licença com vencimento".
Anotava o desembargador esta entrevista no dia 31 de outubro de 1843. Já no dia 6 de novembro escrevia, em continuação: "Foi-me concedida licença com vencimento por seis meses. O aviso ao presidente do Maranhão é de 3 de novembro".
Houve uma dúvida no pagamento. Negou-se o Tesouro a pagar-lhe o vencimento, por não constar do