A pesquisa histórica no Brasil

estudioso paulista de investigar o mencionado Arquivo, coligindo todos os documentos que servissem para a história pátria. J. J. Machado de Oliveira não pôde realizar a pesquisa e dela encarregou João Pereira Pinto que, em ofício de 20 de novembro de 1854, dava uma notícia sumária do estado do Arquivo.

Havia uma grande deficiência de documentos e só poucos códices, todos posteriores a 1700, arruinados pela traça e pelas águas da chuva. Pereira Pinto recriminava a incúria e a criminosa indiferença dos secretários da Câmara, alguns dos quais, numa prova de desamor às tradições pátrias e de ignorância, queimaram grande quantidade de documentos numa grande fogueira e fabricaram bombas.(42) Nota do Autor Ao transmitir ao Instituto Histórico as notícias desoladoras de Pereira Pinto, Machado de Oliveira acrescenta algumas informações valiosas sobre a paulatina destruição do Arquivo. Depois da publicação da obra de frei Gaspar da Madre de Deus, "visitadores nacionais ou estrangeiros que ali iam ter, e aos quais franqueava-se indistintamente o venerando Arquivo da Câmara a simples pedido seu, iam-lhe aos poucos subtraindo os códices mais notáveis, os documentos mais significativos das primeiras datas da capitania de São Vicente, as peças de maior importância e imprescindíveis para fundamentar a história da província, e porventura a do país". Diz ainda que a essas sucessivas extorsões nunca levantou a mão a municipalidade, ou por ignóbil indulgência, ou porque não soubesse ligar o devido apreço a esse rico depósito de elementos históricos, que ainda não tinha sido bem esmerilhado; fr. Gaspar o examinara minuciosamente só pelo lado que se entendia com a questão suscitada entre os donatários das capitanias de São Vicente e Santo Amaro.(43) Nota do Autor

Machado de Oliveira não pudera fazer pessoalmente a pesquisa, mas fora escolhido porque já se distinguia como estudioso notável. Neste mesmo ofício, a propósito do testamento de João Ramalho, noticiado por frei Gaspar e muito procurado pelas estranhas relevações nele contidas, declara que o procurara já "no Arquivo da Secretaria do Governo e nos das Câmaras Municipais da capital e de Paranaíba, que foi a segunda povoação que fundou-se serra acima, precedentemente às demais da capitania de São Vicente, já no cartório público, que se presume conter os escólios dos cartapácios do Judiciário, referidos aos tempos mais remotos da província". Fora ao Mosteiro de S. Bento e recorrera aos registros mais antigos arquivados na Secretaria da Presidência da província de São Paulo.(44) Nota do Autor Por estas informações vê-se que Machado de Oliveira era um conhecedor

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