Igrejas de São Paulo. Introdução ao estudo dos templos mais característicos de São Paulo nas suas relações com a crônica da cidade

relação entre a cidade e a religião que a fundou e a ajudou a desenvolver-se dramaticamente ao longo dos séculos. Mais ainda, a equipe do prof. Aroldo de Azevedo dedica o estudo "aos padres da Companhia de Jesus, que modelaram o embrião da cidade de São Paulo" e, também, "aos missionários e catecúmenos".

Os memorialistas e viajantes estrangeiros que estiveram em São Paulo em várias fases diferentes da vida da cidade são unânimes em destacar a íntima relação entre a igreja e a vida social urbana. John Mawe observava em 1809 que na cidade havia "cerca de treze lugares de devoção, principalmente dois conventos, três mosteiros e oito igrejas, muitas das quais, como toda a cidade, construídas de taipa", acrescentando que o número de sacerdotes nesse São Paulo sonolento atingia o total de quinhentos. Todos esses centros religiosos atuavam na área social e não simplesmente devocional. Foi o que registrou Daniel Kidder em suas reminiscências alguns anos mais tarde, ou seja, em 1839, quando dava para a cidade doze igrejas, incluídas capelas e conventos.

Observava Kidder que as mulheres mantinham maior frequência nas igrejas, embora os homens não fossem poucos, mas homens que, muitas vezes, começavam seus negócios nas ruas e iam terminá-los sob as vistas do Senhor, ao ritmo da missa ou da reza, "ajoelhando-se e levantando-se alternativamente, escreve o viajante, como se pudessem ao mesmo tempo orar e conversar". Todo o trajeto das procissões - que valorizavam os prédios vizinhos, as ruas de "passar procissão", que mereciam os melhores cuidados da Câmara - era acompanhado pelo pipocar dos sinos, "as janelas e sacadas regurgitavam de espectadores", enfeitadas. As procissões constituíam espetáculos concorridos, a que estavam presentes não só o grande povo, mas famílias ilustres, cujos maiores personagens, segundo o depoimento de Maria Paes de Barros em seu precioso livro No Tempo de Dantes, usavam a opa de seda roxa. Em face dessa movimentação, desse verdadeiro acontecimento social que eram as festas religiosas, conforme se constatará a miúde através das páginas deste livro, é que alguns viajantes

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