Cristo Operário
(O Caminho do Céu)
Fita de asfalto perdendo-se rumo à Via Anchieta, a Estrada do Vergueiro atravessa bairros operários densamente povoados. Caminho colorido, caminho do céu, cheio de zigue-zague, curvo, grimpado, às vezes difícil, mas do céu. Ladeiam-no faixas de verduras, legítimos tabuleiros verdes, estábulos de animais mansos, casas humildes, oficinas mecânicas e árvores que dão sombra para aqueles que desejam o descanso. Até um rio pequeno, quase um fio, corta a Estrada que serpenteia entre morros cheios de casas. É a Estrada da Multiplicação pela sua função econômica, que serve a uma população enorme de trabalhadores. Por esse Caminho de Damasco, o caminho da verdade e do trabalho, circulam homens e mulheres, para as fábricas, para os armazéns da cidade, para os estábulos, para as construções, os arranha-céus que não se cansam de subir ao céu.
E leva-os também para a igreja do Cristo Operário, uma igrejinha toda branca que frei João Batista Pereira dos Santos fez construir para as ovelhas do Senhor, que trabalham de sol a sol e às vezes também, quando não é comum, pela noite a fora na conquista do pão de cada dia cada vez mais difícil. E por isso mesmo fê-la surgir da extrema simplicidade como que em harmonia com as almas simples dos trabalhadores das vilas circunvizinhas: de um velho armazém de secos e molhados