Teoria da História do Brasil. Introdução metodológica - T2

detetio, que se encontra no Planisfério de Ptolomeu, editado em Estrasburgo, em 1513. A legenda indecifrável, copiada por outras cartas contemporâneas, como o Globo Terrestre de J. Shöner (1520) e os Mapas II e V da Coleção Kunstmann, foi lida por Joaquim Caetano da Silva como "Gonç. Choelho detetio", ou seja, ponto da demora de Gonçalo Coelho. Daí se podia concluir, logicamente, que Gonçalo Coelho, que comandara a primitiva expedição de 1503, chegara ao porto do Rio de Janeiro, onde assentara um arraial. A tese de Caetano da Silva, inteiramente adotada e exposta por Varnhagen, foi geralmente aceita no Brasil. Foi Franz Wieser quem pela primeira vez declarou ser extremamente ousado, do ponto de vista paleográfico, ler na inscrição "Gonç. Choelho detetio", como corrutela de "Pinachullo detetio". Capistrano de Abreu seguiu-o, e Rio Branco opôs à hipótese várias considerações, propondo uma nova leitura. Diz ele que em face dos dois exemplares de Ptolomeu de 1513 que examinou, lê-se claramente: "portogallo detetio". A primeira palavra se explica por si mesma, e a segunda é evidentemente detectio, descoberta, muito em uso nos portulanos e nas geografias da época (terra detecta). A inscrição devia ser lida como "descoberta de Portugal". Duarte Leite leu a inscrição como "Pináculo da tentação", no Mapa anônimo, de Turim, de 1523, escrevendo que a abstrusa interpretação de Caetano da Silva e Varnhagen só mereceu as honras de graves refutações por dimanar de tais autoridades. Explicou a designação dizendo que avistando da costa um píncaro singularmente elevado, alguns dos expedicionários, talvez um clérigo, mais versado no Novo Testamento, onde se narra que o diabo arrastou Cristo até o cume dum monte altíssimo com o intuito de o tentar, lembrou-se da passagem, especialmente considerando-se ser possível que o fato se desse no primeiro domingo da quaresma do ano, em cuja missa a Igreja manda ler a perícope do capítulo IV do Evangelho de São Mateus, em que se descreve o jejum quadragesimal de Cristo e as tentações então sofridas. É uma interpretação que

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