Anchieta

III

ANCHIETA

Dominando a confusão estrepitosa da Idade Média Brasileira, acima do fragor dos combates e dos epílogos dramáticos das capitanias feudais, uma figura de asceta resplandece, já postada no altar da Pátria como um santo canonizado pelo sentimento nacional. Pomba branca revoando sobre um mundo bárbaro, Anchieta paira no período inicial e tumultuoso da formação do Brasil com o tríplice prestígio da santidade, da poesia e da ação.

Compleição mística da mesma linhagem espiritual de S. Francisco de Assis e de Santo Antônio, Anchieta encontra-se indissoluvelmente associado aos acontecimentos máximos, que determinaram em seus mais transcendentes germes espiritualistas a implantação da nacionalidade. A presença desta figura angélica nos pródromos tenebrosos da História do Brasil, movendo-se entre as selvas de um mundo virgem, constitui um dos contrastes mais impressionantemente empolgadores que a imaginação poderia conceber. Nesse mundo de florestas em que imperam os instintos selváticos e animais da Natureza, Anchieta é a quintessência do espírito liberado pela fé das suas algemas terrestres: um santo de lenda mística extraviado entre uma humanidade ainda em sua aterradora infância nua e canibalesca.

A função distribuída a um missionário jesuíta, enviado a um mundo bárbaro, não podia circunscrever-se apenas

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