Anchieta

IV

JOSÉ DE ANCHIETA

Dono de um formoso estilo e de uma cultura acumulada com silenciosa e beneditina paciência, o sr. Celso Vieira considerou oportuno e necessário escrever, também, o seu livro sobre Anchieta. Após a leitura de quanto sobre ele se publicou durante quatro séculos, teve a ideia de, como artista, e como estudioso, realizar obra nova e imprevista. E deu-nos este volume curioso, que faz lembrar certos altares das catedrais espanholas, em que as imagens são vestidas de seda e enfeitadas de joias, mas que, despidas das suas alfaias suntuosas, serão reconhecidas como os mesmos ícones do hagiológio católico. Eu quero dizer com isso que, vestindo a figura de Anchieta com as galas da fantasia própria e das que lhe forneceram os cronistas imaginosos, não desfigurou o sr. Celso Vieira a legítima entidade histórica. Sob os ouropéis da sua imaginação e da sua opulência estilística, movimenta-se um vulto humano, esculpido conscienciosamente pela pena de um historiador.

Esse milagre do talento e do estudo vem criar, todavia, para a crítica, uma dificuldade inopinada. O Anchieta do sr. Celso vieira é uma obra histórica admiravelmente escrita ou um poema em prosa que ele ajustou intimamente à história? Alguém dirá, talvez, que se trata daquilo que se chama, hoje, uma biografia romanceada. Mas isso seria praticar uma injustiça, imaginando que

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