Anchieta

V

A RECONSTRUÇÃO DO APOSTOLADO

O historiador de uma época necessita de um espírito capaz de vibrar ao ritmo do ambiente, das instituições e dos fatos que recompõe; o biógrafo, que é o historiador de heróis, deve possuir no temperamento e nos traços peculiares da mentalidade alguma coisa que seja o reflexo da figura, por ele evocada, do mundo crepuscular das sombras dos homens extintos.

Para dizer de Anchieta, ninguém, na nossa geração, poderia disputar a Celso Vieira a missão predestinada de erguer um monumento literário, que o Brasil devia ao patriarca jesuíta da civilização nesta terra. Se entre os escritores da língua portuguesa, tanto atuais como passados, muitos não são os que podem ombrear com o nosso grande artista da palavra no cinzelamento aprimorado do vernáculo, nenhum dos que hoje fazem a literatura do nosso idioma tem, como Celso Vieira, qualidades de temperamento, sagacidade peculiar de estesia e tendências características de espírito para sentir, compreender e reconstituir em forma viva de presença o místico iniciador do apostolado cristão no Brasil.

Dessa harmoniosa conjunção do autor e da matéria da sua obra resulta, no grande livro que Celso Vieira acaba de produzir, uma projeção de luz sobre a personalidade de Anchieta, que surge daquelas páginas com a perfeição escultural completada pela irradiação do vibrante dinamismo da sua alma intrépida de crente e de homem

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