VI
PARA O GRANDE ANCHIETA
UM GRANDE HISTORIADOR
Apareceu, enfim, o livro Máximo de Celso Vieira. Explico-me sobre o qualificativo.
Anchieta absorveu cinco anos, em obstinada faina, ao prosador de Endimião. Um quinquênio consumido em pesquisas, em anotações, em exame do copioso material acumulado, em identificação dos textos, em assentamento do plano da obra, por fim, na composição desta, segundo métodos rigorosos de crítica histórica — um quinquênio assim esgotado em buscas, consultas, investigações, através de fontes em maioria difíceis, omissas ou precárias, e por um escritor cuja probidade mental é sabidamente irreprochável, só poderia produzir a obra realmente forte, realmente admirável, que qualifiquei de máxima, na rutilante carreira literária de Celso Vieira.
Até então, Anchieta tivera biógrafos panegiristas da sua taumaturgia. A comemoração do centenário da morte, em 1897, cingiu-se a evocações esparsas dos seus feitos místicos. Ficou por fazer a reconstituição da personalidade excepcional na realidade histórica, situando-a na sua época e no seu elemento, maximamente como civilizador, ou plasmador genial do nosso esboço de civilização no primeiro século do descobrimento.
A esse cometimento de múltiplas exigências foi que se consagrou Celso Vieira, acompanhando o sulco terreno