que rolassem sobre as cabeças dos culpados. Morreu tão devagar que já em Queluz se tratava de chamar para junto da rainha a infanta Isabel Maria, regente do reino, e D. João VI ainda agonizava abençoado pelo cardeal e pelos cônegos da Patriarcal, resplandecentes nas suas capas e agitando-se atrás de uma nuvem de incenso, de um ruído tênue de orações.
O embaixador A'Court, dous meses depois, em audiência que Carlota Joaquina lhe deu, ouviu dos lábios da rainha viúva a acusação de terem envenenado o marido "com doses sucessivas de água tofana, um composto de arsênico". "Ela poderia mesmo precisar quando foi propinada a primeira dose". "A'Court não pôde refrear-se de perguntar o motivo de semelhante atrocidade, o que no seu dizer a perturbou". Pouco tempo depois faleceu o fiel Dr. Vieira. Levou para o sepulcro um grande segredo: senão o das causas ocultas da morte do rei, pelo menos o das suas últimas confidências. Oito anos mais tarde, D. Pedro desembarcaria em Lisboa com os soldados de D. Maria II - aquela pequenina Maria da Gloria que tinha os cabelos mais lindos da sua época; - desceria aos jazigos reais de S. Vicente de Fora e deixaria escrito sobre o túmulo do rei seu pai: "Um filho te matou; o outro veio vingar-te".
Reinara até o fim. Já não era mais necessário em 1826. Estava-se no século XIX. Ficara na esquina do século a sociedade de rabicho e quitó que mergulhara nos cárceres da Junqueira com