O rei do Brasil: vida de D. João VI

- à gloria das formosas mulheres, ao pecado social das gerações anteriores...

D. João amargou em silêncio o logro. O conde de Louriçal era um ingênuo diplomata, de vistas castas. Foi precisamente dele, casado com uma linda Marialva, que Laura Junot escreveu: "il est surement de ces hommes dont on connait la femme depuis dix ans, et laquelle rencontrant son maris pour la première fois, on demande: ´Qui est celui là?`"

Nisto, três gerações de Braganças se repetiram: embaixadores míopes recomendaram-lhes, com informações infiéis, noivas feias. O caso de D. João VI foi o de seu filho e o de seu neto, os dous Pedros do Brasil. Os retratos mentiam, como os cortesãos: sobretudo aquela infanta de Espanha se apostaria em perder a coroa do esposo, possuída pela ideia de ser, por suas mãos, senhora e rainha - grande rainha, senhora absoluta.

Entre 1785 e 1789, D. João conheceu a ventura de uma tranquilidade arejada de cavalgatas e batidas aos lobos, espiritualizada de missas cantadas em Mafra, risonha de isolamento, despreocupação e desinteresse pelo que lá fora ocorria. Foram, coincidentemente, os três últimos anos joviais dos príncipes da Europa. Diria Talleyrand: Quem não vivera antes de 1789, não sabia o que era a delícia de viver... A corte de Portugal não esquecia o conselho que a Felipe V dera Grimaldi: "Señor, vale mas la paz domestica que todo el oro del mundo".

O rei do Brasil: vida de D. João VI - Página 36 - Thumb Visualização
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