História do Brasil T3 - A Organização

ajudante de ordens do vice-rei seu pai. Tiradentes seguiu em procissão atrás duma companhia de dragões, entre a colegiada da Misericórdia, com irmandades e frades entoando salmos pelo comprido caminho. Não faltavam ao cerimonial o juiz de fora no seu corsel ajaezado de prata, a par dos dous ouvidores, montados com luxo equivalente. As 11 horas subiu Tiradentes os degraus da escada e apresentou-se à massa de espectadores, que mantinha um silêncio tímido. Vestia a alva, que lhe cobria os pés, a sua fisionomia era serena e grave, e não afetava a arrogância dos impenitentes. Dissera com firmeza, ao conhecer a condenação definitiva, que se regozijava, por ser o único. Porque o carrasco lhe pediu perdão, quisera beijar-lhe as mãos. E lembrara o Redentor, que morrera por ele. Acolhera, com visível emoção, os conselhos dos confessores. Ainda o guardião do convento de Santo Antonio dirigiu breve fala ao povo, exaltando a clemência da Rainha(1) Nota do Autor. Logo, rapidamente, o algoz finalizou a cena, suspendendo o réu da corda que o enforcou(2) Nota do Autor. Em seguida, outro religioso proferiu um sermão, alusivo à obediência que se deve aos reis. E por três dias houve luminárias no Rio, a que se seguiu o Te Deum na igreja dos terceiros do Carmo...

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