Quando Machado de Assis, crítico respeitado aos 25 anos, julgara com certa benevolência um trabalho poético de Joaquim Nabuco, menino de 15 anos apenas, achando que ele podia "contar com o futuro", estava, sem o saber, não só lançando a base de uma das mais lindas e mais extensas amizades entre dois nomes que seriam pinaculares na vida literária e política brasileira, mas também insuflando entusiasmo no ânimo ainda indeciso de outro gigante que aparecia. O adolescente, entretanto, honestamente não aceitou o título de poeta, que poderia enchê-lo de "um orgulho sem fundamento", razão pela qual tentou definir-se em carta ao crítico, traçando o rumo que satisfazia aos seus impulsos mais íntimos: "...quando as minhas faculdades, concentradas pelo estudo e pela meditação, se poderem aplicar ao positivo e ao exato, deixarei de queimar incenso às Musas". (1)Nota do Autor
Então, é claro, estaria onde realmente veio a estar: desligado do mundo ideal, da poesia e do sonho, no torvelinho da ação, da vida pública, vivendo os acontecimentos dos quais seria também um dos arquitetos, quando não o arquiteto principal. Vindo de uma estirpe brasileira de três séculos, de um círculo que nadava na riqueza e no fausto, usando "tudo de prata, até as fechaduras das portas" (2)Nota do Autor, trazendo no mais fundo de si mesmo um irresistível impulso religioso, mas sendo também dotado de raro equilíbrio, animado de espírito público em alto grau, pôde realizar aquela