Introdução ao estudo da História do Brasil

Diretor da "Casa de Rui Barbosa", historiador e professor de História, membro ilustre do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, orientador da coleção Brasiliana (em cuja direção sucedeu a Fernando de Azevedo), advogado, homem de letras, de cultura invulgar e polimorfa - eis retratado, em poucas linhas, o autor deste livro.

Há cerca de meio século venho acompanhando, bem de perto, a vida de Américo Jacobina Lacombe. Os olhos azuis claros detonam sua ancestralidade gaulesa, de que o sobrenome paterno bem o confirma. O sobrenome materno relembra um colégio afamado e, mais que isto, toda uma geração de educadores, que teve como "cabeça" Dona Isabel Jacobina Lacombe, cuja "cultura humanística forjou-se no tradicional "Colégio Progresso", rigorosamente estruturado nos melhores padrões ingleses, vigentes no crepúsculo do Segundo Império e no alvorecer da República.

Embora velhos laços de amizade já existissem entre as famílias a que pertencemos, foi somente em 1927 que nossos caminhos se cruzaram, calouros ambos da então Faculdade de Direito da Universidade do Rio de Janeiro, sediada à Rua do Catete.

Américo Jacobina Lacombe já vivia em febril atividade, como até hoje. Embora tão jovem, secretariava Epitácio Pessoa, chefe da delegação brasileira à Comissão Internacional de Jurisconsultos Americanos. Como aluno, fez parte do restrito grupo dos que, de 1927 a 1931, obtiveram distinção em todas as cadeiras. Como cristão, vivia às voltas com a Ação Universitária Católica, frequentava o Centro Dom Vital, convivia com Alceu de Amoroso Lima, Jackson de Figueiredo e o Padre Leonel Franca. A este propósito, devo fazer uma confissão de público: graças a seu exemplo, a seu destemor, difundindo a doutrina de Cristo, consegui vencer o quase invencível respeito humano típico de quem tinha apenas 17 anos e retornei ao aprisco, ao tradicional redil construído por meus pais e meus avós, e no qual espero viver até que soe o derradeiro instante.

Muito de acordo com seu temperamento, desde logo viu-se atraído, ainda acadêmico, para um grupo pequenino, que de início não passava de 10% dos colegas de turma da Faculdade. Grupo de estudantes que pretendia levar a sério o que se ensinava no velho e desajeitado casarão da Rua do Catete. Estudantes que desejavam realmente estudar, debatendo temas do curso, com base nos livros fundamentais,

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