Ensaio sobre as construções navais indígenas do Brasil

Ajoujos de duas ou três canoas unidas por paus roliços e amarradas a estes com alças ou tiras estreitas, de couro cru. A superfície das duas ou três canoas ajoujadas, é assoalhada transversalmente com paus roliços, ou longitudinalmente com tábuas; em distâncias convenientes, de uma braça mais ou menos, e regularmente divididas na extensão dos ajoujos, deixam-se dos dous lados exteriores deles alguns daqueles paus sobressair das bordas, isto é, no comprimento de 1 até 1 1/2 palmos, para servirem aquelas crescências de ambos os lados do ajoujo de apoio e assento de tábuas, fixadas por meio de correias de couro cru sobre aqueles paus e paralelos à canoa, ficando um certo espaço do comprimento desta, tanto na proa bem como na popa, livre daquele tablado que tem o nome de coxias, para não impedir a ação dos remadores nem a do piloto. Tais coxias servem para os remadores andarem ao longo e exteriormente, quase ao lume d'água, na ocasião em que for necessário servirem-se das varas para dar impulso ao ajoujo; estes são cobertos de maneira semelhante às canoas, com a diferença que todo o respectivo aparelho é executado em escala maior.

As varas têm o comprimento de 22 a 30 palmos e são de grossura até duas polegadas, e bem convenientemente aparelhadas e alisadas em todo o seu comprimento, e guarnecidas com um ferrão de nove polegada de comprido e uma polegada, termo médio, de grossura, introduzido com uma das suas pontas, rebatido na extremidade mais grossa da vara, e neste lugar apertado por uma grossa argola de ferro de 1 3/4 até 2 polegadas de diâmetro e de largura. O ferrão termina geralmente em uma ponta de diamante, ou em duas pontas, vulgarmente denominado pé de cabra, que são as que mais frequentemente os barqueiros usam durante a subida pelo