Pernambuco e as capitanias do Norte (1530-1630) – Volume IV

se satisfez por quanto falou absoluto que avia de morrer Adam inda que não peccara".

Homem metido em tantas contendas, por força não escaparia ao mexerico campeando nas povoações. Antigos alunos seus propalavam que não lhes dava aula aos sábados provavelmente por continuar judeu. Outros eram mais explícitos em denúncias de caráter grave, afirmando o cristão-novo Gaspar Rodrigues que "entrando em casa de Bento Teixeira... o achou lendo per hum livro e lhe perguntou que livro era e elle lhe respondeo que era a Diana, e elle denunciante o reprehendeo logo... pois sabia que era defeso". Efetivamente a Diana de Montemor era leitura condenada, mas na conjuntura, defendeu-se Bento prometendo queimar o livro.

Os delitos que tocavam de qualquer forma, o nível superior dos habitantes da colônia, suscitavam inquietação nos responsáveis pela paz da consciência católica. Um livro era um espantalho. Num tempo em que o chusma pairava no ar, as folhas impressas onde escritores - malfeitores por excelência - derramavam as suas elucubrações, chegavam ao clero envoltas no inconfundível bafio da heresia. Denunciou Amaro Gonçalves a Felipe Cavalcanti, porque achara no engenho de Araribe em Itamaracá, na sala da guarda-roupa, "onde elle se vestia que estava logo allem da primeira salta sobre huã arca hu livro grande de letra grande de impressão e indo elle pera ho abrir perguntando que livro era, lhe respondeo

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